Fevereiro de 2013, 13.
Acho que quando nasci minha cor já estava predestinada a ser verde. Minha mãe queria tanto um guri, que antes mesmo do meu nascimento meu quarto já era decorado pela cor da esperança. Até que nasci, e não era o tão almejado garoto.
Mas essa cor…
Branco também foi minha. Por um longo tempo fui considerada um nada, – talvez até hoje mas em fim. Não sabia o que queria na infância, e muito menos agora sei eu do futuro.
Rosa foi a pior época. Meu pai me trazia tudo cor-de-rosa, mas eu o encarava e lhe dizia: “- Não pai, não sou a Kelly!”.
Foi então que entrou o Preto, odiava tanto a merda do Rosa, que decidi não ser como a maioria das garotas que me causavam ânsia. Decidi não refletir nada.
Fui Laranja, uma época em que não tinha amigos, meu pai, ninguém… Só os garotos que brincavam comigo de pega-pega na escola que chamavam de “os macacos”.
Azul celeste foi uma bela época. Apenas tinha o céu para admirar e dar graças ao Soberano Pai por estar viva e ser um em um milhão.
Mas a cor que mais permaneceu como sendo minha, era o Verde. Verde esperança, verde mato, verde brisado,- não, nunca fumei, mas as vezes sinto como se tivesse, mesmo que inconscientemente. Diria que é a minha cor favorita.
Cinza veio como o branco e preto, sorrateiramente. Significava o meu céu nublado e acizentado preferido, as olheiras em torno dos meus olhos, e o mundo frio e insolente que vejo até hoje.
Até que parei no Vermelho. Vermelho sangue, paixão. Vermelho mochila do Philip que eu tanto amei. Aquela sensação única, que nunca ninguém sentirá.
Depois de tanto tempo, espero que não continue como dor intensa. Que seja apenas a cor sei lá, que tomou o posto do meu verde trevo de três folhas, que seja apenas a cor da minha touca. Ou a cor da minha pele ao expor-se ao sol, ao batom marcante que eu nunca tivera coragem de usar, -mas isso mudou, os 3% agora são 20‰, talvez, o batom me faz viva, a destemida. Que nunca mais seja tanto fluxo na minha mente de mensagem ruim, que seja apenas a minha cor.






